terça-feira, 11 de novembro de 2008

26 – A nova ORGÂNICA DO SFM

Em finais de 1963, o Director do SFM em exercício, concebeu uma nova “Orgânica”, com a qual pretendia aumentar a eficácia do Organismo que lhe iria ser confiado.

O SFM transformar-se-ia numa Direcção de Serviços, cada um dos quais teria a seu cargo as seguintes Divisões:

1.º SERVIÇO (Prospecção Mineira)
Geologia
Prospecção Geofísica
Prospecção Geoquímica
Topografia
Desenho
Documentação

2.º SERVIÇO ( Trabalhos Mineiros e Laboratórios)
Trabalhos Mineiros
Higiene e Segurança
Laboratório de Mineralogia
Laboratório de Química
Preparação Mecânica de Minérios

3.º SERVIÇO (Petróleos e Sondagens)
Petróleos
Sondagens

Haveria ainda um Departamento denominado MOVIC, a cujo cargo ficariam: Materiais, Oficinas, Viaturas, Instalações, Compras.

As Divisões poderiam criar Brigadas e Secções, mantendo as já existentes, com diferente distribuição e com as mesmas ou outras designações.

O Director assumia-se, mais como árbitro em previsíveis divergências entre os intervenientes nas diversas actividades do SFM, do que como autor de projectos e orientador da sua execução.

Antes de pôr esta Orgânica em execução, o Director em exercício submeteu-a à apreciação dos Engenheiros que iriam chefiar os três Serviços e o Movic.

Manifestei-me abertamente contrário à criação de tantas Divisões, sem que, para elas se vislumbrassem chefias com a necessária competência.
No comentário que apresentei relativamente ao 1.º Serviço, que eu iria chefiar, acentuei a necessidade de formação de técnicos com preparação adequada ao eficaz cumprimento das variadas tarefas da prospecção mineira. Estes técnicos, alguns ainda a admitir, seriam integrados em Brigadas estrategicamente colocadas no território nacional.

Já o Engenheiro Luís de Castro e Solla, quando no exercício do cargo de Director-Geral, perante a escassez de Engenheiros nos Quadros da DGM, havia emitido circular para as Universidades, chamando a atenção para as possibilidades de colocação que se abriam na DGM.

Desta circular resultou que vários estudantes mudaram de curso e alguns deles, concluídos os seus estudos, estavam a ingressar no SFM.

Apesar das minhas objecções, a Orgânica foi posta em vigor.

O modo como eu resolvi os problemas previsíveis, foi assumir, não apenas a chefia do 1.º Serviço, mas também as chefias das duas Brigadas que o passaram a constituir: a 1.ªBrigada de Prospecção, com sede em Beja, incluindo as Secções de Vila Viçosa, Évora, Serpa e Castro Verde; a 2.ª Brigada de Prospecção, com sede no Porto, com Secções ainda a criar.

Não criei Divisões, por considerar que as actividades nelas previstas podiam ser desempenhadas por técnicos que tivessem adquirido a necessária especialização, dentro das Brigadas.

Esta Orgânica nunca foi submetida a aprovação ministerial e funcionou sempre como organização interna, de fácil alteração, segundo o discutível critério do Director, acontecendo que, tendo eu as responsabilidades de diversas chefias, fui remunerado em pé de igualdade com técnicos recém-admitidos, sem experiência e com má preparação académica.

Apesar das minhas discordâncias, sempre cumpri esta Orgânica, não invadindo áreas de outros Serviços.

Todavia, o Director do SFM e até o Director-Geral, que praticamente chegou a assumir-se como dirigente do SFM, foram os seus maiores desrespeitadores, introduzindo grande perturbação na disciplina que eu pretendia manter.

Oportunamente me referirei a esta indisciplina provocada por quem tinha o dever de respeitar e fazer respeitar a Orgânica que tinha sido posta em vigor.

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